
Editora: Europa Editora
Preço: € 12,90
Gênero: Narrativa
Série: Universos
Páginas: 202
Língua: português
EAN: 9791220116732
E a guerra colonial acabou? Não. Não acabou. Toda a guerra depois de finda ainda vive em nós. Uma guerra não acaba enquanto houver um último sobrevivente e enquanto os familiares ou amigos, que sofreram danos colaterais tiverem memória.
A absurdez e perversidade da guerra colonial marcaram a saúde, a personalidade e a carreira do autor, assim como o seu estilo de escrever.
Aqui são retratadas as vivências de um miliciano, em jeito de alter ego, forçado a entrar numa guerra de causas e motivações alheias, em condições muito adversas.
Uma guerra sem fundamento, sem preparação e sem solução. Uma guerra para onde foram lançados, à sua sorte e ao seu primário sentido de sobrevivência, milhares de portugueses subtraídos do seu ambiente, esbulhados da normal alegria da juventude.
Os traumas adquiridos para a vida toda, incluindo a “culpa do sobrevivente”, refletem- se, de certo modo, em alguns relatos.
Como bem disse o médico Gerhard Trabert: “Quem sobrevive sente-se culpado por ter sobrevivido e os outros terem morrido”. Por ter, quiçá, matado para sobreviver.
Num tempo em que outros Estados apontavam esforços ao desenvolvimento das suas próprias metrópoles, visando maximizar o bem-estar dos seus povos, em Portugal, os “cabeças de ouro” massacravam e a dizimavam a juventude, amputando famílias e traumatizando gerações.
Ireneu de Sousa Mac cresceu numa aldeia da Bairrada, onde nasceu em 1948. Concluída a escola primária, o autor começou a trabalhar na agricultura familiar. Aos 18 anos, pensando num futuro melhor, ingressou num colégio como aluno adulto externo. Em 2 anos, por método e força de vontade, concluiu o 5º ano do liceu com reconhecido êxito. A dois meses do fim do curso (6º e 7º anos), com expetativas de sucesso, o autor foi chamado para a guerra colonial, ficando impedido de concluir o seu projeto. Depois da guerra, trabalhou e estudou, obtendo um bacharelato.
Com a experiência como professor na escola regimental de Mansoa, na Guiné, da qual foi cofundador, e como voluntário na escola primária da aldeia na preparação para exames da 4ª classe, o autor dedicou-se ao ensino, com mochila de nómada às costas. Repartindo-se entre trabalho, família com dois filhos e viagens entre Viseu (onde vivia e lecionava de dia), Coimbra (onde estudava, à noite) e Algarve (onde se casara), concluiu, com sucesso e em tempo útil, a licenciatura em Controle de Gestão.
Após uma concomitante experiência numa empresa privada, optou pela carreira docente no Ensino Secundário (com incursões na formação profissional privada e como formador de professores estagiários nas ESE de Viseu e Coimbra) e pela família.
Revista de imprensa
– Notícias de Aveiro